quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Impressões do Carlinhos - Carlos Avelino de Arruda Camargo

Carta Sonora

Oliver Sacks, em seu livro Vendo Vozes, faz uma interessante, se não fascinante, observação sobre o universo silencioso dos surdos congênitos. Estes, na verdade, não vivenciam o silêncio, simplesmente porque não são capazes de vivenciar os sons, da mesma forma que os cegos congênitos não vivenciam a escuridão porque não conhecem a claridade. Somente aqueles que podem ouvir, ou ver, é que têm a possível dimensão dessas condições, pelo fato de eles as articularem como oposições. Este pensamento nos permite um mergulho em outras direções, se, nós, capazes de ouvir e ver, em nossos exercícios perceptivos cotidianos, procurarmos extrair, e entender, os sons das imagens, ou, de outra forma, as imagens dos sons. Essa questão, a princípio um tanto óbvia, visto que não é difícil associar à imagem de um tambor as sonoridades de suas batidas, torna-se mais inquietante quando passamos a estabelecer relações as mais improváveis possíveis, ouvindo e vendo além daquilo que nos é dado. Lembro-me de uma situação bastante exemplar desta situação, a qual merece ser narrada. Um amigo, que vive com os fios de um iPod conectados aos seus ouvidos, escuta com grande frequência as 4 estações de Vivaldi. Faz poucos anos o convidei para assistir tal concerto, ao vivo, na Sala São Paulo. Fomos e, ao final, constatei sua grande decepção. Argumentou que aquele som não era puro, que havia interferências de respirações, de som mal equalizado e, mais do que tudo isso, havia a interferência do espaço geográfico, das luzes, das cores, das formas. Rebati dizendo que esses elementos é que davam existência à música, que perceber outros sons ao lado de outras imagens produziam múltiplas leituras daquele concerto, leituras que iam muito além de uma mera linearidade. Em vão. Para ele, a pureza do iPod era infinitamente melhor. Assim, voltando ao exercício comentado anteriormente, de vermos e/ou ouvirmos muito além daquilo que nos é dado, exige uma ação a qual recai num termo perigoso, em função dos seus modos de compreensão, que é educação, ou seja, educação dos ouvidos ou do olhar. Educar aqui corresponde a sensibilizar, e é por este caminho, o da sensibilização, que, acredito, transita Carta Sonora, um filme pleno de cruzamentos entre sons e imagens que, na maior parte do tempo, e aí reside sua beleza, nos coloca diante do improvável, porque nos coloca diante daquilo que nos é dado, mas sequer sabemos de fato ouvir ou ver. Recorro a Pessoa: Eu sou do tamanho do que vejo, e não do tamanho da minha altura. Carta Sonora encanta porque constrói possibilidades, nos fazendo ver os sons e a ouvir as imagens. Assim, retomando, e parafraseando, o pensamento inicial de Oliver Sacks, não conseguimos vivenciar os sons e as imagens, simplesmente por causa de suas onipresenças. Mas, se ouvimos e vemos, há de existir outros sons e outras imagens. É saber ouvir, é saber ver. E é isso que Carta Sonora nos dá.

Carlos Avelino de Arruda Camargo
São Paulo, 29 de julho de 2010
www.ocatito.blogspot.com

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Reprise do Carta Sonora - SESC TV

Horários:

22/02/2010 : 06h00 : segunda-feira
22/02/2010 : 14h00 : segunda-feira
23/02/2010 : 08h00 : terça-feira
23/02/2010 : 12h00 : terça-feira

domingo, 31 de janeiro de 2010

Carta Sonora na TV

Nesta semana, o Carta Sonora será exibido em todas as TVs Educativas do Brasil. Confira alguns horários:

TV Cultura (SP) – dia 05/02, sexta, às 22:30 (reprise dia 09/02, terça, às 02:00).
TVE (RS) – dia 05/02, sexta, às 22:30 (reprise dia 06/02, às 10:30)
TV Brasil (RJ) – dia 04/02, quinta, às 23 (reprise dia 08/02, segunda, às 00:15)
Rede Minas – dia 04/02, quinta, às 23 (reprise dia 09/02, às 02:30)
Paraná Educativa – dia 05/02, sexta, às 22:40 (reprise dia 08/02, segunda, às 23)